Obviamente que temos que levar em conta que as estatais selecionam quase sempre profissionais genéricos que farão todo o tipo de trabalho, embora quase nunca desenvolverão software propriamente dito ou exercerão atividades de configuração de segurança, por exemplo, em empresas vinculadas a administração direta. Por exemplo: um Analista de Sistemas do DMAE (águas e esgoto) de Porto Alegre deve usar sistemas desenvolvidos pela Procempa (a estatal de TI).
Não acredito que a comissão organizadora ou as empresas que promovem as provas não tenham o discernimento das diferentes áreas atuantes ou profissionais de TI. Caso esteja errado, aqui vai um pequeno resumo:
- Analista de Negócio: É o cara menos nerd da história. É aquela pessoa que fala com quem necessita de uma demanda de TI. Precisa mais entender do negócio do que de sistemas.
- Analista de Sistemas: Recebe as demandas digeridas pelo Analista de Negócio e prepara para a próxima fase
- Desenvolvedor: É a pessoa que desenvolve o sistema, talvez o mais nerd da cadeia, embora haja controvérsias…
- Testador (QA): Nem preciso dizer o que ele faz: previne todos os outros de passar vergonha perante o chefe, testando o sistema antes de ser entregue. Normalmente odiado pelo Desenvolvedor . A recíproca é verdadeira.
Ocorre que nossa profissão é uma das únicas, de nível superior, que não é reconhecida por nenhuma lei. Há mais de vinte anos se arrastam no Congresso projetos tentando organizar a casa, mas sem se chegar a nenhum consenso: qualquer um pode atuar em qualquer área e se auto-denominar qualquer coisa em TI, inclusive profissionais de outras áreas, como físicos, engenheiros eletricistas, estatísticos, matemáticos, etc.
Então a prática comum nos concursos públicos, na maioria das vezes, é: misturar todos os elementos, cozinhar em fogo brando e servir em porções grandes. Seria como misturar todas as áreas da medicina, como cardiologia, ginecologia, neurologia, cirurgia plástica, otorrinolaringologia, dermatologia e oftalmologia e fazer uma prova com todos os conhecimentos juntos. O que acontece? Concursos com dez vagas com cinco aprovados, que irão ficar seis meses ou um ano no cargo, pois, dado o nível exigido, tem colocação em outros concurso ou mesmo na iniciativa privada. Recentemente uma estatal, que oferecia 50% do salário de mercado de TI, aplicou um concurso neste estilo “mix-professional” onde apenas doze pessoas se inscreveram. Só três passaram.
Para ilustrar este post, nesta semana uma estatal gaúcha lançou um concurso para seleção de cargos em nível superior. Como comparação, veja abaixo os conhecimentos específicos para a seleção de MÉDICO e abaixo ANALISTA DE SISTEMAS:
E agora para ANALISTA DE SISTEMAS. Pasmem com o tamanho do conteúdo e da bibliografia. O salário é o mesmo: